domingo, 25 de fevereiro de 2024

Chuva!

 A chuva sempre foi uma inspiração. 
Desde os tempos do meu quintal verde escuro e daquela janela, onde eu via árvores e natureza. 

Hoje chove, e com a chuva surgem milhares de pensamentos. Chove e eu parei por um momento.

Enquanto escrevo essas palavras, busco dentro de mim sentidos. Apenas sentidos. Não busco mais respostas de nada. Já entendi que a vida é um eterno "porquê?"... E nunca vamos saber os reais motivos de muitos acontecimentos a nossa volta. Na verdade, não temos certeza de nada, nem do agora e nem de como é do outro lado da vida. A gente tem ideias e suposições. A gente tem o que nos disseram e aquilo que acreditamos. A gente não tem nada concreto. Nunca vai ter.

Foi essa concepção que me fez parar de planejar tanto o futuro. De pensar tanto no amanhã. De ficar pensando no que vou fazer na semana que vem. Eu posso mudar de ideia. Eu posso mudar os planos. Eu aprendi a lidar com o "sabor" daquilo que não é esperado. Até acho que coisas não planejadas muitas vezes são mais divertidas do que aquelas que a gente fica sonhando. Não vejo problema em mudar de ideia, em desistir de fazer algo que eu estava com vontade, mas dias depois não estava mais. Em fazer um plano e depois pensar: não quero fazer isso não. Acho que viver ansioso com o depois é deixar de sentir o agora...

A chuva me faz lembrar do quanto eu gosto do meu silêncio. Do silêncio da mente. De estar só, não de solidão, mas de solitude. Estar comigo, no meu mundo, imersa em mim. Do quando eu gosto de estar em paz. De não precisar: falar demais, explicar demais, justificar demais. De ouvir apenas minha voz ecoando na minha mente. De sentir somente a minha presença enquanto vejo a chuva cair. De conectar os meus pensamentos, as minhas verdades, os meus desejos, as minhas vontades. Sem ter que satisfazer nada e ninguém. Sem essa necessidade maluca que nos impuseram de que temos que preencher outros espaços. Não, não temos! 

Somos únicos. Somos nossos. Nos pertencemos acima de tudo. Mesmo quando somos filhos, irmãos, esposos, esposas, namorados, namoradas, amigos, amigas... ainda assim somos nossos! Não pertencemos ao outro. Não temos que preencher seus espaços. Viemos a esse mundo por nós. Para nós. Para nossa própria evolução. 

Compartilhar é uma soma de dois inteiros e nunca uma soma de duas metades. 

A chuva me faz lembrar de como eu amo minha companhia, meus momentos, meu lugar de existir. Me faz sentir a paz de poder respirar minha liberdade. Sentir e pensar o que eu quiser. Ficar em silêncio. .. Ah o silêncio! 

Eu realmente tenho certeza que não nasci para pertencer aos outros, para preencher vazios ou lacunas. Eu não nasci para ser enjaulada em ideais e expectativas. Eu amo tudo aquilo que é natural, singelo, simples, despretensioso. Dar naturalidade às coisas e deixar a vida acontecer sem pressa é a coisa mais gostosa que existe. Pena que muitas pessoas ainda vivam dentro de uma caixa de expectativas. Idealizando coisas e pessoas.

Tudo o que flui de forma natural, fui melhor. Como um rio, que corre naturalmente porque sabe que vai chegar ao seu destino. 

A natureza aliás nos ensina o tempo todo, a gente é que não percebe. A chuva que cai lá fora, vai alimentar as plantas, os rios... que vão alimentar as aves, os insetos, os anfíbios, os peixes, os mares, as lagoas. E depois vem o sol que também alimenta da sua maneira. E a vida é assim, ciclos, dias diferentes, momentos. Não dá para esperar que tudo seja sempre igual.

 A chuva me faz pensar que eu sou essa balança. Meus dias não são todos iguais. Eu não estou sempre alegre, nem sempre triste. Não estou sempre falante e nem sempre calada. Há dias que eu só quero estar comigo. Há dias que eu quero me doar. Há dias que não quero conversar. Outros quero conversar muito. Tem dias que quero ver o mundo. Outros prefiro o aconchego. Há dias que estou mais gélida e em outros transbordo amor. Às vezes quero riso frouxo, outras vezes quero seriedade. Eu não sou o tempo todo um robô. Minha balança também se desequilibra (é claro).  

Quando algo, ou alguém, desequilibram minha balança, eu tendo a recuar. Eu não me sinto confortável perto de situações que causem angustia, ansiedade, medo... ou situações que despertem meus "traumas". Para mim, assim como para a natureza, tudo tem que ter limite. Se chove demais atrapalha o ecossistema, sem tem sol demais também. É o equilíbrio que torna tudo bom. E excessos não são bons, em nenhum lugar.  Excessos sufocam sempre. Excessos escondem sempre faltas (pessoais) de algo... 

Libriana que sou! Preciso estar em paz. Preciso sentir tranquilidade. A chuva lá fora me trouxe paz. 

Domingo de paz! Chuva! E chuva de pensamentos...

FIM
Carol Brunel


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