quarta-feira, 22 de julho de 2015

ESCREVER É UMA ARTE!

Comecei a escrever quando tinha 14 anos de idade (mais ou menos). Na época uma adolescente deslumbrada. Sonhadora que era, escrevia poemas e pequenos textos cheios de imaginação, escritos a mão em folhas de cadernos

Tinha sempre um dicionário, onde ficava procurando palavras diferentes para colocar nas minhas pequenas escrituras. Um bocado delas que guardo até hoje com muito carinho.  

Aos poucos fui percebendo que me fazia bem escrever e fui pegando gosto pela coisa... E eu sempre queria mais, mais ideias e inspirações. 

Eu não gostava muito de leituras, mas comecei a ler, por que quando eu lia me inspirava, guardava informações das leituras que fazia e depois acabava usando nos meus textos.

Mas descobri que a verdadeira inspiração estava na vida, no aprendizado do dia a dia, nos tombos, quedas, alegrias, sentimentos e tudo mais. Que cada segundo vivido era uma eternidade dentro de nós. Que cinco minutos são suficientes para virar história. 

Com o tempo abandonei o papel e a caneta. Acabei cedendo a modernidade e comecei a digitar meus textos. Mandava por e-mail para os amigos ou postava no meu “fotolog”. Até que no ano de 2007 surgiu o BLOG. Foi ideia de uma grande amiga a Quênia Correa, que na época morava nos Estados Unidos e me mandou por e-mail a sugestão de criar um BLOG para postar meus textos...

Eu criei e nunca mais parei.

Hoje são em média de 300 a 400 visualizações de página mês. Um total de 234 postagens, sendo a grande maioria de textos meus inspirados por diversas leituras e situações vividas, por meio de muitas reflexões e analises dos fatos. Muitas vezes teorias repetidas, situações parecidas, mas sempre um pouco de novidade agregada.

É pouco! Eu sei! Porém eu não sou jornalista, escritora ou coisa parecida, e nem se quer vivo disso. Tão pouco divulgo meu BLOG e nem tenho uma média de meses ou semanas para escrever. Escrevo quando sinto vontade.

Entendo e considero meus “textos” como um hobby e uma maneira de colocar para fora meus sentimentos, minhas opiniões, minhas imaginações. Escrever é quase como uma terapia, onde eu extravaso tudo que sinto ou penso sem medo algum.

Hoje, quando eu leio textos antigos, vejo como minhas ideias mudaram e como eu também mudei durante esses anos todos. E com sinceridade... acho muito bom que tenha mudado, que eu consiga ver as coisas por outros ângulos, que eu consiga enxergar dentro de cada momento uma experiência e uma lição para ser levada adiante.

Não que eu me sinta superior as outras pessoas, mas sinto que estou cumprindo meu papel nesse mundo, o papel da evolução. Sinto privilegio por poder expressar isso através de palavras. Principalmente por poder compartilhar e saber que já inspirei e contagiei muita gente com meus textos.

Em contrapartida já deixei muita gente irritada com meu excesso de sinceridade nas palavras. Na verdade, nunca quis agradar todo mundo, até por que tenho consciência de que isso é humanamente impossível. Apenas faço o que gosto.

Sinto orgulho de mim. Orgulho de ser quem eu sou. De ser quem eu me tornei... E sei que ainda tem muita estrada pela frente, muita coisa para consertar, muita bagagem para carregar, muitas histórias para contar...

Muitos textos, ideias, opiniões, imaginações, poesias, seja lá o que for... ainda virão. Sem pretensão nenhuma, apenas para continuar satisfazendo minha necessidade e levando um pouco do eu vejo, sinto, penso e aprendi... para quem se sentir à vontade de ler.

São 8 anos, poucos textos se considerar o período de tempo, mas são muitas histórias e sentimentos compartilhados. E eu espero continuar fazendo isso por mais 8, 16, 32, 48 anos... até quando eu não tiver mais forças para pensar.


Abraços a todos,

Carol Brunel
22/07/2015

Criciúma/SC

"A arte de escrever histórias consiste em conseguir retirar do pouco que se compreendeu da vida tudo o resto; porém, acabada a página, a vida renova-se e damo-nos conta de que o que sabíamos era muito pouco" -  Italo Calvino





BALANÇANDO AS ESTRUTURAS - Martha Medeiros

É bem raro eu postar textos que não são meus aqui no BLOG, mas eu gosto muito de ler, e talvez por isso goste tanto de escrever. Hoje eu abri uma página do Livro da Martha Medeiros e encontrei esse texto o qual quero compartilhar aqui, pois achei simples e bom!

Segue o texto:


Uma amiga minha vive dizendo que odeia amarelo, que prefere tomar cianureto a usar uma roupa amarela. Quem a conhece já a ouviu dizer isso mil vezes, inclusive seu namorado. Pois uns dias atrás ela me contou que esse seu namorado chegou em sua casa e, mesmo os dois estando a uma semana sem se ver, brigaram nos primeiros cinco minutos de conversa e ele foi embora. "Mas o que aconteceu?" perguntei. "Eu sei lá", me respondeu ela. "Estávamos morrendo de saudades um do outro, mas começamos a discutir por causa de uma bobagem". Eu: "Que bobagem?". Então ela me disse: "Você não vai acreditar, mas ele ficou desconcertado por eu estar usando uma camiseta amarela".

Ora, ora. Era a oportunidade para eu utilizar meus dons de psicóloga de fundo de quintal. Perguntei para minha amiga: "Quer saber o que eu acho?". A irresponsável respondeu: "Quero". Mal sabia ela que eu recém havia assistido a uma palestra sobre as armadilhas da tão prestigiada estabilidade. Arregacei as mangas e mandei ver.

Você está namorando o cara. Sabemos que nos primeiros encontros cada um vai fornecendo informações para o outro: eu adoro rock, eu tenho alergia a frutos do mar, tenho um irmão com quem não me dou bem, prefiro campo em vez de praia, não gosto de teatro, jamais vou ter uma moto, não uso roupa amarela. A gente então vai guardando cada uma dessas frases num baú imaginário, como se fosse um pequeno tesouro. São os dados secretos de um novo alguém que acaba de entrar em nossa vida. Assim vamos construindo a relação com certa intimidade e segurança, até que um belo dia nosso amor propaga as maravilhas de uma peça de teatro que acabou de assistir, ou sugere 20 dias de férias numa praia deserta, ou usa uma roupa amarela. Pô, como é que dá pra confiar numa criatura dessas?

Pois dá. Aliás, é mais confiável uma criatura dessas do que aquela que se algemou em meia dúzia de "verdades" inabaláveis, que não muda jamais de opinião, que registrou em cartório sua lista de aversões. Vale para essas bobagens de roupa amarela e praia deserta, e vale também para coisas mais sérias, como posicionamentos sobre o amor e o trabalho. 

Mudanças não significam fragilidade de caráter. É preciso ter uma certa flexibilidade para evoluir e se divertir com a vida. Mas ainda: essa flexibilidade é fundamental para manter nossa integridade, por mais contraditório que pareça. Me vieram agora à mente os altos edifícios que são construídos em cidades propensas a terremotos, que mantêm em sua estrutura um componente que permite que eles se movam durante o abalo. Um edifício que balança! Com que propósito? Justamente para não vir abaixo. Se ele não se flexibilizar, a estrutura pode ruir.

O fato de transgredirmos nossas próprias regras só demonstra que estamos conscientes de que a cada dia aprendemos um pouco mais, ou desaprendemos um pouco mais, o que também é amadurecer. Não estamos congelados em vida. Podemos mudar de idEia, podemos nos reapresentar ao mundo, podemos nos olhar no espelho de manhã e dizer: bom dia, muito prazer. Ninguém precisa ficar desconcertado diante de alguém que se desconstrói às vezes. 

Eu também não gosto de roupa amarela. Quem abrir meu armário vai encontrar basicamente peças brancas, pretas, cinzas e em algumas tonalidades de verde. No entanto, hoje de manhã saí com um casaco amarelo canário! Tenho há mais de 10 anos e quase nunca usei. Pois hoje saí com ele para dar uma volta e retornei para casa sendo a mesmíssima pessoa, apenas um pouco mais alegre por ter me sentido diferente de mim mesma, o que é vital uma vez ao dia.

Martha Medeiros