sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Saudades de mim

Tudo parecia mais fácil quando eu brincava no quintal. Quando eu sentava em uma árvore para ver o sol se pôr.
Quando eu ainda conseguia ver as estrelas, hoje quase invisíveis em meio há tantas luzes artificiais. 

Tudo parecia mais simples quando eu fantasiava a vontade. Quando eu falava sem preocupação.
Hoje tenho que cuidar o tempo todo para não ser má interpretada. Hoje eu tenho que cuidar o tempo todo das minhas atitudes, das minhas palavras. Toda hora tem alguém nos julgando. 

Tudo parecia mais intenso aos 15, 18, 20 e poucos anos... Ser adulto é chato. Nos enche de manias, restrições, intolerâncias. Papos pesados. Tensões. Ansiedades. Preocupações (pré-ocupações). 

Tudo era mais bonito quando eu respirava poesia. Quando andava sem rumo nos domingos à tarde. 
Quando a bicicleta me levava aonde eu quisesse, e a minha mente também. 

Tudo parecia mais leve quando eu andava descalço na grama. Jogava bola na quadra de concreto e brincava até a mãe gritar "Vem para dentro agoraaaaa". 

Saudades! Saudades das coisas simples. Das decisões despreocupadas. Das conversas despreocupadas. Dos tempos gastos com bobagens. Das coisas leves!

Adulto complica demais a vida. Adulto gosta de dificultar tudo. Pensa demais. Pondera demais. Preocupa-se demais. Coloca neuras demais na cabeça. Adulto vê a vida passar enquanto vive buscando uma felicidade idealizada, que não existe! Que é coisa de novela, filme!

Por que a vida também tem coisa ruim. Igual quando a gente era criança, caia e ralava o joelho, depois chorava de dor. Só que a dor passava. E não era só por que a nossa mãe colocava mertiolate. É por que existe o processo natural de cura. E se a gente pode curar um machucado, também pode curar o coração. 

Adulto se enche de medos, receios, paranoias. E quando vê, a vida passou. Não se permitiu!

Tudo era mais simples quando o céu ficava laranja e os pássaros voavam no céu,  na brisa boa de um fim de tarde primaveril... e eu estava ali.... admirando!

Tudo era para mim... quando eu sentava na areia nos finais de tarde só para ouvir o barulho do mar. 
E ali sozinha sentia a vida. Nostalgia!

Ai que saudades mim! 

FIM!


By: Carol Brunel
(Texto de 25/10/2016, readaptado em 25/10/2019)

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