sexta-feira, 22 de setembro de 2017

ABRACE FORTE!

Parei uns segundos... E no meio da loucura do dia a dia. Lembrei de uma frase que a minha mãe me disse um dia: “quando a gente tenta abraçar o mundo, o abraço é fraco”. Era uma metáfora que eu demorei uns anos para entender. Ela queria dizer que quando você quer abraçar coisas demais, você não consegue ser bom o suficiente em todas elas, ou seja, o abraço sai fraco, por que seus braços não alcançam tudo que você quer abraçar e algumas coisas "escapam". Quando você faz coisas demais, algumas vão ficar "mais ou menos”.

Minha mãe, hoje aposentada, era uma excelente professora, dessas dedicada, que montava suas aulas com muito carinho, preparava atividades didáticas para os seus aluninhos e às vezes gastava umas horas do seu dia preparando painéis para alfabetizar as crianças. Tenho certeza que muitas crianças aprenderam a ler e escrever com a minha mãe, por que ela fazia aquilo com amor e dedicação. E ela fez isso por muitos anos, 40h por semana, até chegar a hora de parar. 

E é claro que entre tudo isso, como toda mãe, ela também fazia as tarefas domésticas, cozinhava, cuidava da gente, pagava as contas da casa, e entre tantas coisas: descansava!

Quando a gente tenta abraçar o mundo, o abraço é fraco! Deve ser por isso que hoje existem as especializações, mestrados e doutorados. Para que a gente possa se tornar bom em alguma área e fazer aquilo com dedicação. O que não significa que a gente não possa aprender outras coisas, fazer outras atividades, adquirir outros conhecimentos, ter mais de uma habilidade... mas se a gente tentar fazer mil coisas ao mesmo tempo, alguma coisa vai ficar “meia boca” como diz o ditado popular.

É por isso que a gente trabalha com pessoas (RH) que são boas em outras áreas e estão ali exatamente para preencher as lacunas daquilo que a gente não faz tão bem. As pessoas e suas habilidades se complementam, se ajudam, se auxiliam. É por isso que há uma divisão de tarefas em todo ambiente de trabalho. Um ambiente de cooperação. 

Mas por trás daquela simples frase da minha mãe, tinha algo mais oculto: saiba relaxar! Um tipo de alerta... que diz: “ok, faça com carinho o que sabe fazer, mas também saiba viver a vida...”. Saiba frear o ritmo, desligar um pouco.  Afinal, não somos máquinas. Somos gente! E gente tem sentimento, emoção, um corpo físico que também precisa de descanso, carinho, amor. Gente também precisa relaxar. Gente precisa viver, não só para adquirir coisas, mas também para ser alguém bom nesse mundo. 

O problema do mundo moderno é que as pessoas acham que não podem parar nunca... não desligam... E vivendo em ritmos desenfreados, cada vez mais, aumentam os problemas de saúde relacionados ao stress (não precisa ser “expert” para saber disso), basta ler um pouquinho e observar um pouco. 

Vejo essa gente toda buscando apenas “ter” e esquecendo que além de ter a vida é “ser”! Aliás você pode TER tudo que quiser (e ter é bom demais), mas quando você morrer não vai levar além do SER. As pessoas não vão lembrar do que você tinha... e sim do que você significou na vida delas. Da pessoa que você foi além das paredes de um escritório ou da rotina maluca que viveu. Da maneira como você tratou quem estava ao seu redor. No fim meus amigos é só isso que importa!

Quem quer fazer demais, acaba sempre deixando escapar alguma coisa por entre os dedos. Alguma coisa vai dar errado! Entre tantas coisas que aprendi com a minha mãe, essa foi uma delas! 

Vou terminar essa reflexão, deixando um trecho de uma mensagem do Padre Fábio de Melo: “Aquele que muito quer corre o risco de nada ter, porque o empenho e o cuidado é que fazem a realidade permanecer. O simples anda leve. Carrega menos bagagem quando viaja, e por isso reserva suas energias para apreciar a paisagem. O que viaja pesado corre o risco de gastar suas energias no transporte das malas. Fica preso, não pode andar pelo aeroporto, fica privado de atravessar a rua e se transforma num constante vigilante do que trouxe.  A simplicidade é uma forma de leveza. Nas relações humanas  ela faz a diferença. O que cultiva a simplicidade tem a facilidade de tornar leve o ambiente em que vive. Não cria confusão por pouca coisa; não coloca sua atenção no que é acidental, mas prende os olhos naquilo que verdadeiramente vale a pena”.
 
Então.... Que em meio a essa loucura toda que o mundo se tornou, onde nos fizeram acreditar que a gente é máquina e não pode parar. Que a gente saiba sim parar. E que acima de tudo a gente possa abraçar forte aquilo que abraçar, principalmente as pessoas que nos querem bem.

FIM
Carol Brunel

22/09/2017

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