terça-feira, 6 de setembro de 2011

APESAR DE

Eu gosto quando as emoções se misturam todas, se confundem. Quando eu não consigo defini-las. Escrevê-las em meus textos geralmente ambíguos. Na verdade eu gosto de tudo que fica com um tom “será que é isso?”. É bom deixar que interpretem como queiram. Que as imaginações se criem sozinhas.

É bom quando a chuva não traz melancolia, embora o sono e a vontade de ir embora estejam presentes neste dia cinza e frio das manhas aqui do sul.
As músicas mudam na estação, as pessoas olham fixamente para suas máquinas, algumas, se quer estão prestando atenção ao que tem na frente dos olhos. Outras se movimentam de um lado para outro na esperança de encontrarem o que buscam. Movimentos da vida.

Alguns pingos de chuva gelada lá fora, muitas gotas de imaginação quente aqui dentro.
Hoje nem os pássaros cantam e nem o verde sorri. Mas, eu sim! Eu sorrio sem por quê.
Talvez por que alegria quando não se têm se inventa. Eu inventei uma para hoje. A alegria de estar vivo, apesar de...

Fazia tempo às palavras insanas não batiam a minha “porta”. Quem sabe um anjo lá do céu as tenha soprado em meus ouvidos, então acordei assim, cheia de idéias, cheia de poesia e música. Despreocupada e tranquila.

Tem gente que não suporta a idéia de ver o outro feliz. Tem gente que não tolera a idéia de ver alguém usando seus dons. Essa gente pequena e mesquinha que perde tempo se preocupando com o que o outro faz ao invés de buscar coisas produtivas para fazer. Talvez nem sejam tão “desocupados” assim, apenas não sabem se ocupar com coisas boas. Preferem se ocupar de banalidade e críticas.

Mas, deixa para lá esses homens pequenos. Por que hoje, pelo menos hoje, eu não estou ligando para o que pensam e falam todos eles. Pois, enquanto gastam seu tempo precioso assim, eu me fortaleço. Vou montando minha bastilha aos poucos, cada dia uma pedrinha, sem pressa. Podem me derrubar quantas vezes quiserem. Eu vou levantar novamente. Vestir o meu melhor sorriso e continuar.

Ouço vozes enquanto fluem essas palavras. Não são vozes do além. São vozes reais, de pessoas reais e seria realmente incrível escutar o que todas essas mentes estão a pensar enquanto falam. Mentes agitadas em seu cotidiano que zanzam como abelhas buscando mel. Talvez algumas dessas pessoas não lembrem se quer do mundo lá fora, da família, dos amigos, da vida, do prazer. Esse prazer de viver tão desconhecido por quem se esqueceu de existir, apesar de...

Ctrl + B e eu salvo! É assim o mundo moderno. Não uso mais papéis e canetas. Mas, na vida real as pessoas continuam sendo de carne e osso. Continuam tendo dentro do peito um coração - um coração que bate e sente. Continuam desejando a mesma coisa que desejavam antes de tanta tecnologia: reconhecimento, respeito, amor, atenção, sucesso, paz.

No fundo, todos nós, presos a redes sociais, só queremos uma coisa: atenção! E como forma de chamar atenção transformamos nossas vidas em um facebook de ilusões. E o contato real, o abraço apertado, o beijo molhado, o carinho de irmão, o amor dito com o olhar, tudo isso vai se perdendo em meio a frases prontas de contatos virtuais.

Eu sei! Não era disso que eu falava no começo desse texto. Era do dia cinza que apesar de tudo não é um dia triste e sim um dia bom. Mas, afinal, quem disse que tudo precisa ser o tempo todo sequencial? Não sou máquina! Sou gente! Sou mente insana que pensa demasiadamente, que imagina tantas coisas que se pudesse revelar chocaria o mundo. Melhor não! Deixa assim, ficar subentendido como dizia a canção.

Enquanto os passos seguem, enquanto a chuva cai, enquanto o dia nasce, enquanto a noite escurece, enquanto as flores colorem, enquanto as vozes ecoam, enquanto os olhos mudam de direção. Enquanto o mundo gira... Assim vivo, às vezes buscando razões, às vezes deixando as emoções se misturarem, às vezes em meio a um problema e outro, às vezes perdendo a “linha” só para ter o prazer de encontrar o caminho de novo, apesar de...

FIM

Caroline Brunel Matias

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