Deixar para trás tudo aquilo que pesa a vida da gente.
Colocar em um lugar de esquecimento... todas as coisas, acontecimentos, feridas, mágoas e todas as pessoas que nos machucaram.
Mesmo quando somos ofendidos, injuriados ou temos nossa dignidade afetada com palavras desdenhosas, ainda assim, podemos seguir em frente, de cabeça erguida.
Nós conhecemos quem somos, nós sabemos das guerras internas que lutamos. Sabemos das dores que carregamos na alma, das batalhas que precisamos enfrentar para chegar onde chegamos. Quem não caminhou nossos passos, não sabe o quanto foi difícil chegar até aqui. Quem não vestiu nossos sapatos, não sabe quantos tropeços, traumas, dores, medos... enfrentamos.
Quem não tem coerência, bom senso e vive no imediatismo, nunca seria capaz de ter compreensão e respeito pelo processo do outro, nunca seria capaz de ajudar com paciência e carinho, jamais seria capaz de estender a mão sem cobrar algo.
E uma certeza eu tenho, não precisamos preencher vazios enfiando pessoas aleatoriamente na vida da gente. Sem critério, na pressa e na ilusão de uma conversa. Tapar buracos, empurrando alguém de qualquer jeito para dentro do nosso universo. Como se a aquela pessoa fosse nos salvar de dores que nós mesmos temos que curar. Como se alguém fosse responsável por uma felicidade, que nós mesmos precisamos nos dar.
Ninguém é capaz de preencher nossos vazios. Ninguém é responsável pela nossa felicidade. Ninguém vai nos dar o amor que nós mesmos não dos damos.
Jamais seremos felizes pulando de um amor para outro, como se o amor fosse algo volátil, descartável.
Mas nessa era virtual e desajustada que vivemos, onde tudo virou uma grande ilusão, onde a internet criou personagens, temos cada vez mais... amores descartáveis.
Como diz um psicanalista que assisti outro dia: na geração de hoje relacionamento virou "fast food". As pessoas trocam de "amor"... como trocam de roupa. Às vezes, escolhem alguém em uma lista aleatória, como se fosse um cardápio: "eu gosto mais desse prato aqui"...
...e colocam essa pessoa dentro da vida delas, achando que aquilo vai suprir um vazio que no fundo não será preenchido. Colocam toda uma responsabilidade (em alguém) de fazê-las feliz. Colocam todas suas expectativas naquele prato, como se aquilo fosse curar algo, que não é responsabilidade da pessoa.
Por experiência própria, sei que isso é um grande erro. Quantas vezes eu sai atropelando tudo. Não esperei o tempo, não esperei o coração respirar, a alma ficar curada ... e apenas fui me metendo em outro lugar. Pulando de um galho para outro, na pressa de ser, na pressa de sentir, na ansiedade de ser feliz, achando que alguém iria tapar meu vazio, curar minhas feridas.
Grande ilusão! Esse é o pior caminho para felicidade. O VAZIO VAI CONTINUAR.
Mas quem sou para ensinar né?! Não mais do que uma mera HUMANA, cheia de defeitos e falhas. Carregando minhas feridas, curando minhas dores, vivendo minhas lutas.
O que mais importa é seguir em frente, de cabeça erguida, com o coração em paz, com leveza na alma. Permitir que a vida, pouco a pouco faça sua arte, sua parte, seu trabalho. Viver o processo.
Seguir fazendo coisas que nos dão prazer. Seguir abraçando a simplicidade da vida. Seguir vendo beleza nos pequenos detalhes, nos pequenos momentos. Seguir abraçando a si mesmo, curtindo a própria companhia, vivendo sem pressa... pois o imediatismo, atropela!
E quanto aos outros? Que pensem o que quiserem.
Afinal, como diz Leandro Karnal
"A ofensa pessoal é uma necessidade daquele que agride. Nasce de uma dor daquela pessoa, surge de uma inveja, é despertada por uma ferida interna. Diferente da crítica objetiva, a ofensa pessoal grita que algo está errado com o autor da ofensa. Entenda sempre que aquilo pertence ao agressor e aceite que não lhe envolve. Você será mais feliz deixando cada pessoa imersa no seu próprio universo. Nunca seja o coletor do lixo alheio."
FIM
Carol Brunel
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Injúria: É a ofensa à dignidade ou decoro de alguém, como chamar alguém de "burro", "pobre" ou "inútil".
(ou coisas semelhantes)
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