Eu já fui aquele tipo de pessoa
que buscava saber sobre a vida dos outros, perguntava coisas, questionava
sobre suas relações, e depois eu dava minhas opiniões e palpites. Muitas
vezes comparava minhas histórias, muitas vezes eu falava mais do
que ouvia, muitas vezes eu falava coisas que eu mesma não praticava (e não
pratico) na minha vida, dando uma de psicóloga de plantão.
Confesso!!!! Muitas vezes eu fazia
isso movida pela curiosidade, movida pelos instintos, às vezes até induzida
pela curiosidade de outras pessoas.
E a grande maioria das
pessoas é assim! Querem especular. Querem Saber. Querem falar da vida alheia. A curiosidade sobre a vida dos outros ultrapassa os limites da razão e do bom senso. E muitas vezes o interesse é só para saber se o outro está mais feliz do que a gente.
Demorou muito tempo para eu
perceber que quase sempre eu me sobrecarregava com as tristezas alheias. Que quase
sempre eu me imaginava triste quando comparava minhas histórias com as dessas
pessoas. Muitas vezes eu me via falando de coisas ruins sobre a minha vida. Coisas que no fundo eu não queria falar. Eu era pega pelos dramas das vidas que não pertenciam.
E eu sei que amigos estão ali para dividir os momentos bons e ruins, para emprestar os ombros e os ouvidos. Eu sei que amigos querem
dividir com a gente suas histórias de vida. Mas é ai que está a grande diferença:
quando uma pessoa quer te falar sobre algo, ela vai te falar. Quando uma pessoa
quer desabafar... ela vai desabafar! E é nessa hora que a gente tem que ouvir,
apenas ouvir. Por que o desabafo por si só, muitas vezes, é a "própria cura".
Hoje eu admito que não pergunto
muito sobre a vida das pessoas. Dou a elas a liberdade e o direito de me contarem
o que quiserem, ou não. E dou a mim o direito de não querer questionar nada que
não me diga respeito. Não acho que isso seja egoísmo, não acho que isso seja
falta de atenção. Pelo contrário, acho que é respeitar a privacidade e a
liberdade do outro de falar ou silenciar. E é respeitar a minha liberdade de não
me sentir obrigada a me preocupar com tudo ao meu redor.
A vida da gente já é tão
atribulada... Não é?! Temos as nossas próprias cargas!
Com o passar dos anos eu percebi
que quanto menos a gente se envolve nos problemas pessoais que não são nossos... Quanto
menos a gente fala de coisas negativas e tristezas, mais paz a gente tem e mais paz a gente transmite também.
Embora a gente esteja nesse mundo para ajudar um ao outro e fazer o bem, não significa que a gente tem que sair por ai juntando todo o lixo
emocional de toda pessoa que está ao nosso redor. É claro que a gente pode e deve ajudar quando NECESSÁRIO. É claro que a gente tem que estender a mão. É claro que a gente não vai negar um par de ouvidos. É claro que a gente ama pessoas.
Mas os nossos AMIGOS vão falar quando
sentirem vontade de falar, nossa família também, e nós também vamos falar quando
quisermos falar.
Descobri que quando você NÃO pergunta sobre as tristezas das pessoas, e você sorri, conversa com elas sobre
outras coisas, de alguma forma você já está ajudando essa pessoa. Quando você
apenas fala sobre qualquer assunto que não seja triste, de alguma maneira você já está ajudando essa pessoa.
Não é a opinião ou a curiosidade de querer saber como tá a vida sentimental do
outro que vai tornar o mundo melhor.
E sabe... A gente cresce muito mais quando tem que lidar com os próprios "monstros" e "decepções".
E sabe... A gente cresce muito mais quando tem que lidar com os próprios "monstros" e "decepções".
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Hoje eu tenho uma relação muito
tranquila com meus amigos. Uma relação que só a maturidade permite. Uma relação de
pés no chão. Sabemos que amizade não é conto de fadas. Temos opiniões diferentes. Às vezes passamos um tempo sem conversar tanto. Respeitamos os espaços
uns dos outros. Ouvimos quando temos que ouvir. Quase não falamos das nossas
vidas sentimentais (gente grande se resolve né). E quando a gente precisa de
ajuda ou sente falta, a gente se junta para rir e falar bobagens. Tem coisa
melhor?
Eu tenho me afastado de
gente negativa. De gente que vive fazendo rolo. De gente que tá sempre falando
da vida alheia. De gente que vive contando fofoca aqui e lá. De gente que tá
sempre para baixo. De gente que critica o mundo, mas não olha para a própria vida. De gente que pratica o "leva e traz". E quando alguém faz algum comentário maldoso... só ouço e ignoro!
Prefiro gente grande! Gente que
fala de amor. Gente que fala de paz. Gente que conta histórias boas de ouvir. Prefiro
gente que tem papo inteligente. Gente que se preocupa mais em melhorar a si mesmo. Gente que se preocupa com os outros, mas respeita o espaço de cada um. Gente com bom senso!
É essa gente que vale a pena ter por perto!!
FIM
27/10/2017
Carol Brunel
Criciúma/SC