terça-feira, 2 de outubro de 2007

Passado

Se eu parar e observar... se eu parar e apenas escutar, deixar sentir...
Na pele o vento a tocar... vou flutuar!
Vou lembrar de momentos que jamais irão voltar...
É inevitável... e por isso apenas os deixo ir e vir...
Não posso impedir meu coração de senti-los...

Quando o vento toca minha pele, quando a canção soa suave ...
Vejo-me nos anos 90. Sinto-me naquelas saborosas tarde de verão, pegando sol à beira-mar...Naqueles deliciosos fins de tarde, onde a rotina era simples e os compromissos eram poucos.
A gente ficava na grama brincando... E os primos e irmãos mais velhos se programando pra noite, escutando músicas que jamais esqueceremos, como Forever Young – Alphaville, que nem sei se é mesmo dessa época, mas tocava na rádio.
E toda vez que escutamos essas músicas, lembramos dos primos, vizinhos e irmãos mais velhos... Músicas da juventude deles... Músicas da minha infância, trilha sonora de um pedaço da minha vida.

Os tempos mudaram, as músicas mudaram, as pessoas mudaram, o mundo evoluiu!

A família, no sentindo amplo da palavra, já foi mais unida...
O mundo moderno causou uma grande “desintegração” das famílias.
Aquelas festas de família já perderam a tradição, digo aquelas de reunir irmãos, tios, primos...fazer churrasco e ficar jogando conversa fora.

Os natais já não são mais os mesmos... nada parecidos com aqueles, quando o bairro todo se reunia, as mulheres levavam um “prato”, os homens faziam churrasco e tomavam cerveja...e alguém vestido de papai Noel entregava os presentes das crianças... Até que elas cresciam e descobriam que papai Noel não existe.

Andar de bicicleta já foi mais gostoso e menos perigoso. Andar de carretilha, descer naqueles morros enormeees de grama com canoa de coqueiro, ou caixa de papelão, fazer balanço nas árvores, andar nos muros, caçar vaga-lumes... tudo era divertido!
E os domingos à tarde? Jogando taco até escurecer...e ninguém cansava...quando anoitecia as mães começavam a berrar os nomes dos filhos mais novos...e todo mundo ia pra casa tomar banho e dormir por que no outro dia tínhamos que estudar. Mas a gente ia pra casa feliz!

E as comidas? O que dizer das comidas... comidas caseiras, feijão com arroz todo dia, pão caseiro, cavaquinho, broa de polvilho, bolinho de chuva, doce caseiro.
E as pessoas eram bem mais magras, não sei se é porque se mexiam mais, ou se é porque hoje é tudo industrializado. Dale fast food e televisão!!!

Falando em TV, os desenhos animados já foram melhores. Zé Colméia, Ursinhos Carinhosos, Os Smurf’s... Hoje tem tanta bobagem e violência nesses desenhos, que as crianças não sabem mais nem brincar, nem contar histórias... Criatividade zero!

É estranho viver nesse mundo individualista, saber que nossos parentes estão tão próximos e ao mesmo tempo tão longes. Que não existe mais aquele carinho, aquela amizade, aquela confraternização.
São famílias cada vez menores e individualizadas em suas casas.
E geralmente as famílias só vão se reunir quando pra “festejar” a morte de algum ente querido... daí todo mundo chora e vai pra sua casa, depois de uns dias se bobiar são bem capazes de falar mal do coitado do falecido. Mas, no fundo quando deitam suas cabeças no travesseiro, pensam em porque não conviveram mais com aquele irmão, aquele primo, aquele tio...

Festejar a vida? Não existe mais!

Infelizmente, essa é a realidade!
O mundo moderno nos tornou frios e trouxe desavenças onde deveria existir união...
Antigamente se alguém precisasse de ajuda, outros ajudariam. Hoje quando precisamos de ajuda, temos que tomar cuidado, até com os familiares, porque alguns são capazes de te empurrar precipício abaixo quando você já está prestes a cair.
Inveja, é algo predominante na sociedade atual...

Se eu parar pra observar, vou viajar!
Navegar num mundo de pensamentos, sentimentos, momentos que não vão voltar!

E se me perguntarem por que eu escrevo o passado, direi apenas que é porque o passado me desenhou, me marcou, porque já passou, mas os momentos bons ficaram guardados no meu coração.

Nunca mais vai ser igual, mas eu não quero deixar morrer aquelas velhas lembranças, não quero que meus filhos cresçam num mundo de desamor, desunião, violência...
Quero que eles aprendam e saibam que a vida já foi mais bem vivida. Não quero que vivam uma futilidade... quero que gostem de viver, que tenham simplicidade de carater, humildade.

E quero que eles aprendam a viver intensamente... Quero que um dia olhem pra trás e lembrem de bons momentos assim como eu... Quero que aprendam a valorizar as pessoas. Eu não quero que meus filhos tenham em seus corações individualismo e sentimentos de inveja...

Quero que mesmo em meio ao mundo moderno, eles saibam apreciar as coisas mais simples da vida...


By: Carol Brunel

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