sábado, 2 de outubro de 2010

Sobre religião

Sobre Religião
Um texto polêmico
Carol Brunel

Eu não acredito na Bíblia... Ou melhor, não a vejo como uma Lei a ser seguida.
Eu acredito apenas que existe um Deus. Um SER superior que conduz as forças do universo. Um Deus que quer o bem independente de normas criadas pelo homem. Posso me satisfazer com algumas coisas escritas na Bíblia, posso ver Deus em algumas palavras ali escritas. Em outras, porém, não! Pois, não sou adepta de regras e muito menos de doutrinas religiosas. Isso para mim é coisa do homem. Por sua vez, foi o homem quem a escreveu (a bíblia). E conhecendo, mesmo que vagamente os homens... Sabe-se que esse ser “audacioso”, na vontade de comandar e conduzir o mundo conforme suas vontades: criou REGRAS. É assim que hoje vivemos, num mundo abarrotado de Leis e regras, muitas delas criadas para aplacar o mal que nós mesmos criamos, outras para ditar certo e errado. E foram essas “leis” que fizeram muita gente brincar de ser Deus, julgando e acusando uns aos outros.

Para mim, Deus está em todo lugar e a todo o momento. No verde das plantas, no vento que sopra, nas ondas do mar, em cada pedaço da natureza e onde quer que eu possa senti-lo. Deus é a paz que eu sinto quando olho o pôr-do-sol, é a alegria de estar com os amigos ou de brincar com uma criança, é o existir da família, é o compartilhar, é a música que toca meu coração... é o amor que vive em mim o tempo todo. Esse amor que pouquíssimas pessoas entendem, pois a grande maioria está repleta de paradigmas e só consegue enxergar beleza e naturalidade naquilo que lhe “ditaram” ser o certo. Talvez no que esteja escrito... E assim, qualquer um que segue outro caminho é visto como inconveniente e louco!

Eu sei que a maioria das pessoas sente a presença de Deus dentro de templos erguidos pelo homem, onde se reúnem para seguir rituais religiosos ou quem sabe glorificar. É bonito, mas: Eu não! E então alguém pode protestar dizendo: está escrito na Bíblia.
Ok! Mas, para mim a bíblia é tal qual o livro de ficção sobre Deus que acabei de ler, onde algumas coisas me tocam e outras não. São palavras do homem, escritas pelo homem. Assim como essas que escrevo. E quando escrevemos, mesmo que não haja intenção de impor uma idéia e sim apenas dividi-la, no fundo essa idéia ‘soa’ como imposição. É como se quiséssemos ditar nossas próprias regras, mas na verdade queremos dividir um conceito. Por isso, das palavras do homem eu extraio aquilo que concordo... de Deus eu extraio a beleza da vida e amor que eu vejo nos pequenos detalhes.
E enquanto a grande maioria vive apegada a regras, eu vivo apegada a liberdade da vida e do amor...

Para mim, sentir Deus é muito mais do que o ato de participar de um rito religioso, muitas vezes decorado. Porém, por ser alguém livre de preconceito nesse sentido (e lutando para se livrar de tantos outros preconceitos que foram introduzidos pela humanidade) eu não julgo e muito menos acho errado quem acredita na bíblia e participa de doutrinas. Respeito de todo meu coração! Convivo com diversas pessoas que creem sem problema algum...Até por que cada pessoa sabe da sua necessidade. Por isso, penso que cada um tem liberdade parar viver da sua maneira. Seguindo aquilo que crê. Sentindo Deus da forma que achar mais conveniente a si.

Por esse motivo não acho honesto quando as pessoas pensam que por que uma pessoa não vai a Igreja, ou por que vive de forma diferenciada, aquela pessoa não acredita em Deus ou não tem Fé. Muitas vezes essa pessoa tem uma fé ainda maior do aquele que vive participando de ritos. O que eu quero dizer é que a FÉ se manifesta de diferentes maneiras para cada um de nós.
E as religiões usam as regras por elas impostas e determinadas para ganhar força e controlar as pessoas de que precisam para “sobreviver”.

“As regras não podem trazer a liberdade, elas só trazem o poder de acusar” William P. Young

Ter fé e ser bom, para mim, é muito mais do que seguir uma doutrina, ler um livro que fala sobre Deus, ou fazer bondade uma vez por ano (no natal, geralmente quando as pessoas se solidarizam em ajudar o próximo). Acreditar em Deus é admitir que somos imperfeitos, é saber perdoar e pedir perdão, é amar ao próximo sem preconceitos. Por que muitos de nós, somos capazes de amar um animal e desprezar um “irmão” por ele ser diferente ou por suas escolhas serem distintas. Sim! Nós temos a temível limitação de que todos devem ser como nós: iguais! Dessa forma qualquer um que não siga o “regulamento” do homem acaba sofrendo preconceito.
diga-se assim: homossexuais entre outros...
Eu, por exemplo, já sofri preconceito por ser gordinha na infância, mas nunca discriminei uma pessoa por ela ser magra demais. Entretanto, cheguei ao ponto de discriminar a mim mesma por anos, por causa dos conceitos que a sociedade plantou em mim (regras) e confesso que essa luta é bem mais difícil do que se pensa... lutar contra um desejo, por causa de um conceito idiota da sociedade.

De qualquer forma toda leitura é sempre bem vida. Pois sempre se extrai coisas boas, desde que não levemos todas as coisas ao pé da letra.
Eu mesma escrevi esse texto, após ler um livro lindíssimo o qual eu recomendo para todas as pessoas, mesmo as que não acreditam em Deus, chamado: A CABANA.
Pude extrair coisas muito boas dessa leitura (ficção), e assim extraindo um pouco ali e lá, no dia-a-dia, nas leituras, nas experiências... vou “moldando” meus conceitos e crescendo como Ser Humana.

Não estou esperando que concordem com o que escrevi, pois é o meu ponto de vista sobre religião e outros temas envolvidos. Apenas que reflitam sobre a condição de que assim como cada um busca respeito por aquilo que é e por aquilo que acredita, todos os demais também esperam o mesmo. Inclusive eu!
Pratique a bem!

Afinal, todos têm suas características... Essas, típicas e únicas de cada um e que nos diferenciam uns dos outros...


Abraços,

CAROL BRUNEL
08/09/2010